O Baralho Cigano foi o segundo oráculo por que me apaixonei e que ainda hoje mantenho no meu percurso.
Na altura, tal como nos dias de hoje, a procura pelo conhecimento era é uma constante, vinda da área das ciências, o conflito entre aquilo que é palpável ou factual e o que não tem explicação aguçava-me a curiosidade, a necessidade de saber mais, quem sabe até a explicação por de trás da certeira previsão. Atualmente, ainda não tenho a explicação para a previsão ser certeira ou de que forma se consegue trazer à tona os problemas relacionais causados por estados emocionais menos assertivos ou ainda a abordagem mais mística, no entanto, também já não preciso de tal resposta. A previsão certeira nasce na minha perspetiva de um estudo aprofundado e dedicado, de se fazer o que se gosta, de se sentir uma ligação mais profunda com algo.
Na verdade nem interessa muito que artes mágicas poderão estar por trás de um oráculo, o que verdadeiramente importa é o que vamos fazer e de que forma iremos utilizar aquilo que nos foi transmitido durante uma leitura. O que verdadeiramente importa é que o leitor tenha sempre em mente de que está a trabalhar com um ser humano que contém sonhos, aspirações, medos, que é o pai, mãe, filho, familiar de alguém que o ama e acima de tudo que procura o leitor porque acredita que este de alguma forma o pode ajudar na sua contenda. É demasiado grande a responsabilidade de um oraculista, como tal, não deve tocar vidas de forma leviana.
Vou agora falar um pouco sobre o Baralho Cigano. É composto por 36 cartas ou lâminas com ilustrações simples do dia-a-dia, talvez por esta analogia básica e simplicista da sua composição tenha ganho a denominação de Baralho Cigano, no entanto a sua percursora, quem lhe deu protagonismo e a quem algumas correntes atribuem a origem deste oráculo, foi Madame Anne Marie Lenormand, uma oraculista francesa que trabalhava com vários oráculos e que fazia atendimentos na corte francesa. Não se sabe muito sobre a verdadeira origem do baralho uma vez que Madame Lenormande não deixou herdeiros e todo o seu espólio acabou por desaparecer.
Este é um oraculo que promove uma fácil leitura pela simplicidade e colorido das suas ilustrações que com facilidade nos passam as emoções e contextualizações em causa. Foi assim que me apaixonei por este oráculo, algo bastante simples, intuitivo, colorido, emocional e que toca nos recantos mais escondidos, não fosse a sua energia associada à energia feminina.
Decidi ao fim de tantos anos, porque o tempo assim o permitia uma vez que estávamos a iniciar a primeira quarentena pela pandemia de Covid19 (março 19) desenhar o meu próprio Baralho Cigano, foi como devem calcular, foi uma quarentena bastante produtiva. Este foi sem duvida um desafio bem divertido e cativante.
Quer ver como é simples interpretar o oráculo cigano, siga o meu raciocínio. A lâmina que ilustra este texto é a 1/36 e denomina-se o Cavaleiro ou Mensageiro. O Cavaleiro, no ano de 1800, data a que remonta a provável origem do BC, o que fazia? Ao olhar para esta ilustração o que lhe transmite? Que imagens lhe surgem na mente? Os cavaleiros eram usados para que tipo de serviços? Estavam muito tempo no mesmo local? Vamos lá fazer a dedução. Por certo sabe que os cavaleiros tinham como missão transportar algo, correio, bens, mercadorias, ou sejam eram estafetas que cumpriam missões e quando essa missão terminasse regressavam ao seu local de origem. Eram homens e cavalos robustos para aguentarem as longas viagens e distâncias, assim sendo poderemos deduzir que o cavaleiro se encontra associado a aventuras, coragem, domínio sobre algo (domínio do homem sobre o cavalo), movimento, boas noticias entre outros. Fácil não é ;)
Espero que tenha gostado, para mim foi um prazer partilhar consigo.
IG
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